quinta-feira, 25 de julho de 2013

Na Rua da Esperança


Toda a gente corre
Toda a gente dança
Toda a gente ouve
Toda a gente canta
Toda a gente quer
Toda a gente alcança
Ninguém morre
Toda a gente descansa

Toda a gente que mora
Na Rua da esperança

Bernardo dos Santos Morgado

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Tenho Nada


Tenho nada
Consegui ter nada
Escrevo nada
Farto-me de ter nada

Aprendo tudo

Tenho tudo
Consegui ter tudo
Escrevo tudo
Farto-me de ter tudo

E agora?

Que percurso sigo?

Bernardo dos Santos Morgado

terça-feira, 23 de julho de 2013

Para Ser Feliz


Para ser feliz é necessário:


Assumir que se vive sozinho
Um coração, uma cabeça num só corpo


Amar o que se quiser amar
Mas pensar que um dia irá acabar
Um dia tudo irá acabar


Tentar ser livre ao máximo no pensamento
Seja religião, cor ou política


Falar, escrever, representar
Transmitir o que se está a pensar


Tentar realizar o sonho
O desejo tem que ser alcançado
Dar tudo por tudo
Mas nunca ficando preso a isso
E ter perfeita noção que pode não ser alcançado


Acreditar em tudo seja certo ou errado
Mas antes de acreditar saber se está certo ou errado


Pensar mas pensar pouco


Cuidar da saúde física e psicológica
Evitar a droga e a bebida



Ter amigos de confiança
Mas nunca depositar toda a esperança
Às vezes a vida engana


10º
Ter prazer a fazer seja o que for
As vezes que se quiser
Respeitando sempre o outro ser

Bernardo dos Santos Morgado

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Os sábios


As vezes penso
Para mim: gostava
De ter um sábio
Ao meu lado
Só depois me apercebo
Cada sábio está no seu livro
É só esticar o braço
Abrir a gaveta
E a ler os conhe
ço
Ensinam-me e eu aprendo

Leio e depois escrevo
Seja de sábios que pensem bonito ou negro
Que pensem certo ou errado

E de mim para eles na minha escrita agradeço

Por na minha secretária estar sentado
E com eles poder dar a volta ao mundo



Bernardo dos Santos Morgado

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Arrábida

                                                              (Dedicado a Sebastião da Gama

A primavera
As cores verdes
As flores
O vento que canta
Por entre as montanhas
O sol reflectido no mar

Perfeita

Arrábida
Perfeita
Que de Portugal é feita

Os teus segredos

Guarda-os
Bem lá no fundo
No fundo da montanha

Que eu escrevo-te a esperar o luar

Nem a morte me conseguiria levar

Bernardo dos Santos Morgado

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Primavera


Primavera
Que podia ser Primapatrícia
Que podia ser Todaafamília
Que até já fui Tudooquesou
Que agora Jánãosoutanto

Mas que bonita é a Primavera

E a Primajoana também
Pode-se dizer que o Tioverão trabalhou bem
E que a Tiainverno cuidou bem delas
Se não fosse eu o Primodelas
Quem seria o Primotudo?
Que é bastante amigo do Primouniverso
Que neste momento está com Primoescrevendo

Bernardo dos Santos Morgado

terça-feira, 16 de julho de 2013

Uma Tarde Numa Estação de Comboios


Existe mais poesia
Que idosos sentados num belo dia
De primavera
Numa estação de comboios movimentada
A rever a sua vida
Nas pessoas que a apanhar o comboio, na ida
Nas pessoas que a chegar de comboio, na volta
Numa tarde que demora uma vida
No perfeito descanso de uma reforma

Bernardo dos Santos Morgado

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Beijo Meu



Aquele beijo que foi meu
Mas não foi teu

Do céu desceu
Quando o meu coração bateu

No dia seguinte tudo morreu



Bernardo dos Santos Morgado

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Nada


Tenho escrito com erros
Tenho falado errado
Ando trocado
Já nem acerto nas escolhas múltiplas

E só assim percebo que não sei quase nada

Sei pouco ou quase nada
Escrevo nada
A minha vida não é nada

Vida é uma Era
E a nossa é feita de nada

Bernardo dos Santos Morgado

quinta-feira, 11 de julho de 2013

O Criminoso


O criminoso sai de casa armado
A sua arma é o seu trabalho
Sem ela não é seguro

Mais um trabalho
Quando tem de ser, prime o gatilho
Correu bem, compra um carro
Correu mal, vai preso
E assim é a vida do criminoso
Sozinho sempre desconfiado
Quem é o verdadeiro amigo?

Recusa o amor
O amor torna-o fraco
E se o criminoso for fraco está acabado
Como irá criar o filho?
O filho é o seu ponto fraco
Alguém quer o seu lugar mas está ocupado

E quando se arrepende
Quer ser livre e honesto
Quer arranjar um trabalho para educar o seu filho
Mas está condenado
E do crime só as cicatrizes de quando foi hospitalizado
E agora depois de o crime ter abandonado
Na rua sozinho a ir para casa descansado
Na escuridão um antigo inimigo
Leva um tiro
E assim acaba morto à porta de casa
Com um tiro no peito
E em casa a mulher e o filho a esperá-lo

Bernardo dos Santos Morgado

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Caso Notável


Gostava de ser um enigma ou um caso notável de matemática 

Imagino se fosse um caso notável
Ser sempre uma conta no mesmo livro
Que por mais que se resolva terá sempre o mesmo resultado
(Senão for queimado
Por algum ditador que se zangue com os casos notáveis
E ser um caso notável seja proibido)

Deixa-me morrer como um caso notável, numa fórmula, sossegado
Numa aula de matemática, num quadro


Bernardo dos Santos Morgado

terça-feira, 9 de julho de 2013

A Lua


É de dia

Já se vê a lua

Está perto de nós

E nós seguimos malucos

A pensar o mesmo que a lua

Estou a ficar louco no meio da rua

Por causa da lua

Estou farto de esta merda!

Que se foda

Eu, tu e a lua

Não tenho paciência para gente maluca!



Bernardo dos Santos Morgado

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Quero saber tudo


Quero escrever tudo
Mas como escrever tudo se não sei tudo?
Pouco sei sobre o meu ser
Dá-me outro ser
Só preciso dele emprestado
Para poder ver de outra forma
E tentar saber


Que ser é aprender
Só assim posso escrever
Que tudo não é nada
E nada já eu escrevo
Só me falta saber tudo

Ensina-me tudo
Que eu ensino-te nada
E assim ficamos os dois a saber nada/tudo
Depois de saber nada/tudo
Deixo nada/tudo escrito

Bernardo dos Santos Morgado

sexta-feira, 5 de julho de 2013

E Assim Desafio Tudo


Sou aquilo que imagino
Cada vez sou mais o que quero
Escrevo como se escrevesse para um génio
Luto com o maior monstro
Subo    Subo    Subo   
Penso  Escrevo   Continuo
Subo    Subo    Subo  
Pedra a Pedra construo
O meu castelo no centro do deserto
Pedra a Pedra é o meu Castelo!
É de todos o maior Castelo
E por mais que tenha abdicado
Construí-o perfeito, acabado
Quero aquilo que é meu por direito
Mas acima de tudo esforcei-me para merecê-lo
E agora no meu bolso trago o meu sonho realizado

E quando me dizem «Ele não consegue»
Eu rio, mesmo não conseguindo
Estou satisfeito
Sou eu comigo mesmo a ser eu mesmo
Na poesia o sucesso não é fama nem dinheiro
É a liberdade por inteiro
Sou todo o universo concentrado
Na cabeça de uma criança com apenas um ano
«Dou-te menos de um ano!»
Dizes-me tu convencido mas errado
Dou a mim mesmo uma hora para num poema desafiar tudo

Bernardo dos Santos Morgado 

quinta-feira, 4 de julho de 2013

O Velho


Agora sento-me velho e cansado
Olho para o sol, acendo um cigarro
Relembro toda a minha vida,
Agora que sou velho
Tantas histórias que trago
Penso no que poderia ter feito
No que poderia ter criado
Ajeito o fato, estou lucido
Agora vejo tudo límpido
Mas só agora, porquê só agora que sou velho?
Podia ter visto assim tão claro quando era novo.
Não interessa, está tudo perfeito!
Todo o mal que fiz, não me arrependo
Tinha que ser feito
Todo o bem que fiz, ainda bem, está feito
Deixei tudo escrito num livro
Agora estou lucido, perfeito
Olho o sol, à espera que o vento apague o cigarro
Apaga-se, sorrio e morro
Feliz por ter nascido
Feliz por ter feito
Feliz por estar morto

Bernardo dos Santos Morgado

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Matemáticos da Poesia


Errados os homens que olham a poesia
como uma conta de matemática
Na matemática a mesma conta
tem sempre o mesmo resultado
na poesia um poema não tem resultado
e nem sempre pode ser interpretado
interpretar um poema como uma conta matemática
é o mesmo que olhar para as nuvens e dizer que tem uma forma
específica, devido a um resultado que foi calculado por uma calculadora
Os poemas têm as formas dos poetas
E os poetas são formas de si mesmo
Comparar poetas é o mesmo
que dizer: a água é mais importante que o sol
Ambos são importantes
Ambos são diferentes
Matemáticos da poesia
Igual a ignorantes

Bernardo dos Santos Morgado

terça-feira, 2 de julho de 2013

Poesia de Quatro Palavras


Se quatro palavras soltas são poesia
Vou escrever poesia de quatro palavras:



Janela                        Quarto
Tijolo                          Porta
(Poesia da Casa)



Lixo
         Estrada
                       Candeeiro
Alcatrão
(Poesia da Rua)


                       Ignorância
Ganância                              Mentira
                       Arrogância
(Poesia Humana)




Bernardo dos Santos Morgado

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Viajar Na Poesia


Fecha os olhos
Dá atenção às minhas palavras
Ouve a minha respiração
a imitar as ondas
Dá-me a tua mão
e vem para o meu mundo
Olha o céu azul e as nuvens
Vamos viver com elas
Adormecemos e acordamos nelas
Ouve as ondas por baixo de nós
Olhas para outra nuvem e dizes: Vou ter com ela,
Nuvem que trazes contigo assim tão bela?
E a nuvem diz: Trago doce e canela,
morangos e framboesa
Olhas as minhas cores
São flores
Tu pensas: Que cores… Que cores…
Quem me dera viver com ela
até ao resto da minha vida
Eu digo: No meu mundo tudo existe com certeza
É só agarrar a caneta… poesia
Se não abrires os olhos
Estarás sempre dentro dela
Liberdade poética
Sonhos e a caneta

A liberdade dá razão à vida
Agora é vivê-la

Bernardo dos Santos Morgado