quinta-feira, 6 de junho de 2013

Vem


Vem, vou mostrar-te o que vejo e o que sinto
Vou mostrar-te como escrevo e como vivo
Vou levar-te de volta à infância
Para veres como eras em criança
Vou dar-te de novo a esperança
Vou mostrar-te como fiquei sozinho
Vou fazer-te lutar por um político
Para veres como é ridículo
Vou fazer ver-te a violência
Como quando eu a vi a primeira vez
Vais sentir as minhas cicatrizes
Vou fazer-te sentir o que uma mãe sente
Quando perde um filho
Vou fazer-te sentir o que um filho sente
Quando perde uma mãe
Vou pôr-te dentro daquele
Cão que abandonaste
Vou pôr-te na pele daquele
Velho que caiu e que tu riste
Vou fazer-te sentir o que sentiu aquele
Cego quando te pediu ajuda e o ignoraste
Vou pegar em ti agora e dou-te
Os meus olhos e a minha consciência
Agora observa-te. [Vê lá se respiras...
Olha para o Sol!
Porque achas que te cega?
Não és digno de o olhar!
Queres fugir?
Ainda agora te estavas a rir
E a pensar só em ti [Ri-te agora...
Não?...
Porque não?...
Já sentiste a minha dor e a minha Vergonha?
Já o sentes agora?
Sai dessa casa e tira essa roupa
Deixa esse carro e vem viver comigo
Agora olha!
Olha para a tua arrogância e indiferença
Ajuda o velho
Não abandones o cão
Não ignores o cego
Ajuda-te e encontra-te a ti próprio
Agora olha o sol
Agora sim consegues vê-lo
Consegues ver o que eu vejo

A liberdade e a felicidade de tu seres Tu
A liberdade e a felicidade de eu ser Eu


Bernardo dos Santos Morgado

Sem comentários:

Enviar um comentário