domingo, 12 de maio de 2013

Arma




Chamaram-me Arma
Fizeram-me de Aço
Com cano estriado
De fácil funcionamento
Gatilho-cão-espoleta-cano-alvo

E deram-me um objectivo
Disparar uma bala
Uma bala seguida de outra
Na direcção que sou apontado
Apontas-me
Disparas-me
Mas eu sou uma arma que pensa!
Encravo!
E quando com desespero
Rápido com medo
Bates no carregador
Para desencravar
Eu disparo!
Mas disparo
Na direcção da tua ignorância
Sou tão rápido que não tens tempo
Nem de ouvir
Nem de ver
Nem de fechar os olhos
Mas terás tempo para pensar
Nos teus últimos segundos
E nos teus últimos segundos pensarás:
Ignorantes as balas que conspiraram contra mim
Porque eu sei tudo e a saber tudo morri

Bernardo dos Santos Morgado

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