segunda-feira, 27 de maio de 2013

Desordem e a Perfeição


No universo tudo tende à desordem
Eu correspondo
Tendo à desordem
Mas na minha desordem sou organizado
Na minha desordem sou eu
Adapto-me como um líquido
Ganho a forma do recipiente
Se fosse um sólido acabava partido
Pedaço a pedaço, espalhado
E o ser humano é um sólido
Acaba sempre partido
Nem que seja apenas na cabeça
Mas acaba
Na minha desordem
Tento alcançar a perfeição
Como se a perfeição estivesse no topo da prateleira
Ponho-me em bico de pés, estico-me e alcanço-a
Toco-lhe com a ponta do dedo
A natureza, a física, puxam-me para baixo
Já com o braço dorido, por fim agarro-a
Agarro nela com força e guardo-a
E assim como tantos outros desafiei a física
Para alcançar a perfeição
Desafiando a 2ª lei da termodinâmica
E a lei da gravidade, para poder ser minha
Agora com ela bem guardada junto do meu peito, é minha!
Sento-me com ela, pouso-a no meu colo
E escrevo  escrevo  escrevo
Porque agora a perfeição é minha
E agora que me falta fazer neste mundo?
Se já tenho a perfeição no meu colo?
Agora só me falta escrever tudo
Para deixar o meu legado
O legado perfeito, que é perfeito pelo meu esforço
Um dos mais importantes do universo
Porque para o ter na desordem esforcei-me
Desafiei a natureza e a física e agora dou-to
O livro em que escrevi tudo
Mas custou-me

Custou-me a vida.

Bernardo dos Santos Morgado

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