sexta-feira, 24 de maio de 2013

O Meu Génio

Génio que vives em mim
Sai de dentro de mim
Para ver se és igual a mim
Para poder tocar-te, sentir-te
Quando me dizes: Não tenhas pressa
Não digas
Porque quem chegou atrasado um minuto
Não teve lugar na história
Quando me dizes: Tem pressa
Não digas
Porque quem tem pressa, tropeça
Quando me dizes: És 8 ou 80
Não digas
Porque eu sou 0 ou 1000
Quando me dizes: Toca música
E eu toco poesia
Quando me dizes: Escreve poesia
E eu escrevo música
Quando me dizes: Olha para baixo
E eu olho para cima
Quando me dizes: Tu consegues
E eu não consigo
Quando me dizes: Faz maldades
E eu faço coisas boas
 (ou faço maldades)
Não faz diferença eu e tu somos o mesmo
Preso ao mesmo corpo no mesmo mundo
Quando escreves a pensar em mim
E eu escrevo a pensar em ti

«Sai de mim só um minuto»
Para saber se te pareces comigo
Agora que saíste escreve o resto


Agora que saí vou acabar de escrevê-lo
Por ti:
Estudei, Toquei, Escrevi, Criei, Amei, Odiei
Há dezoito anos que vivemos no mesmo ser
Essa é a nossa metafísica filosófica
Estarei sempre preso a ti e contigo morrerei
Como um molécula inquebrável
E quando nos admirarem daqui a cem anos
Saberão que génios fomos os dois
E génios serão aqueles que lerem aquilo que escrevemos
E entenderem o que escrevemos sem nos chamar «malucos»

Bernardo dos Santos Morgado

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