quarta-feira, 29 de maio de 2013

Lareira



Sentado
Acendo um cigarro
Em frente da lareira
Rebola um pedaço de madeira
Levanto-me
Agarro-o mesmo em chama
Queimo-me
Rio queimado sozinho
Olho pela janela
Lá está o sol
Raios de sol
E diz o sol ao meu ouvido
Como se estivesse a meu lado:
Olha-me!
E eu olho o sol e cego-me
Mesmo que seja apenas psicológico
Queimado sozinho cego
Caminho na direção da lareira
De onde ouço
Vinda do fogo, uma música perfeita
 (Impulsos eletroquímicos atravessam os meus neurónios)
Entro na lareira
E abraço o fogo
Como se abraça um filho
E assim morro
Queimado sozinho cego encolhido
Uma criança brinca sob os raios de sol
Eu morto em cinzas sob os raios de sol
Deixei a minha vida, em poema, escrita num papel

Bernardo dos Santos Morgado

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