sexta-feira, 10 de maio de 2013

Mensagem para a Morte



Não tentes entender-me
Ninguém me entende
Chama-me quando chegar a hora
Não pelo meu nome!
Não és digna!
Não tentes!
Segue-me e aprende
Mas quando me chamares
pela escrita chama-me:
Camões, Pessoa, Negreiros, Régio, Pina, Poe, Eliot!
Quando me chamares
pela música chama-me:
Mozart, Verdi, Vivaldi, Beethoven, Bach, Mahler, Liszt, Bizet!
Quando me chamares
pela pintura chama-me:
Da Vinci, Picasso, Goya, Monet, Matisse, Caravaggio!
Quando me chamares
pela obra chama-me: Deus!
Não me chames pelo nome!
Chama-me: Legião!
Quando olhares para o meu coração
São!
São vários!
São todos os génios!
Não me chames pelo nome!
O meu nome vai ser mais forte!
Mais forte que eu!
Mais forte que o teu!
Mais forte que tu!
Serei tudo!
Serei tanto, que tu mesmo
Tu mesmo, Morte
Tu que chegaste do norte
Olha de lá uma estrela
Minha!
Que olha por o que é meu
O que é teu?
Senão a condenação
A maldição…
O que é meu?
Uma Legião!
Chama-me Pai!
Porque fui eu!
Fui eu que te escrevi!
Sob a minha estrela
Quando te escrevi
Sobre ti, a estrela cresce
Sobre mim, a estrela brilha
Quando me vieres buscar, veste
O teu melhor fato
O teu melhor fato de morte
Ajoelha-te!
Ajoelha-te e pede com humildade!
Porque nesse dia levarás todos
Todos os génios
Até lá não me chames!

Bernardo dos Santos Morgado

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