domingo, 19 de maio de 2013

Sanidade, Insanidade


Estava a caminhar por uma rua
Quando reparei pelo canto do olho
Num hospício, e à entrada um louco sentado 
Que preocupado mexia os braços no ar
Tentava apanhar algo que eu não via
Abria bem os olhos como se no ar
Fugisse algo que queria muito apanhar
Contemplei a insanidade, a pensar
O que vê ele que eu não vejo?
Quem estará realmente louco?
Quem estará certo?
Quem estará errado?
Ele no ar conseguiu apanhar algo
Esboçou um sorriso feliz, olhando
Para as suas mãos pousadas no colo
Feliz apanhou aquilo que perseguia
E eu?
Escrevo                          escrevo
         escrevo                          Escrevo
E não consigo alcançar o que persigo
Senão uma satisfação no momento
Quem é feliz? Eu ou ele?
Quem é o louco?
Eu nem sei bem o que procuro
E o louco que encontrou
O que procurava tão feliz e convicto
E se eu me tornasse louco?

O louco liberta o que havia agarrado
Olhou para mim com um sorriso
O sorriso mais são por mim visto
Invejei aquele sorriso
Quero ser louco!
Para ser correto e assertivo
Para conseguir ver aquilo
Que não vejo nem encontro
E que fez feliz o louco
Até que a tremer acordo
E logo percebo
Que já sou louco

Bernardo dos Santos Morgado

1 comentário:

  1. Vivemos numa sociedade, que não sabemos mais o que é ter sanidade meu amigo. Muito bacana a sua obra ! Já estou te seguindo.

    Te convido a visitar meu blog tb,

    http://gagopoetico.blogspot.com.br/2013/05/o-refugio-nas-montanhas.html

    Abração, Dan

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